Azeite de Louro Produção azeite de louro Freguesia da Ponta do Pargo

Azeite de Louro

Entre as espécies endémicas de maior relevância na Região Autónoma da Madeira encontra-se Laurus azorica novocanariensis, vulgarmente conhecido por Loureiro. Trata-se de um dos componentes com maior densidade na Laurissilva, cerca de 140 ind./ha, sendo também uma das primeiras espécies a surgir no caso de recuperação e regeneração natural da vegetação indígena, visto tratar-se de uma árvore de rápido crescimento.

O Laurus azorica novocanariensis, pertencente à família das Lauraceas, encontra-se distribuído por uma vasta zona denominada Macaronésia, onde se incluem os arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. 

Entre nós, o loureiro, apresenta uma grande versatilidade de habitats, desde quase a beira mar até acima dos 1600 metros de altitude, mas aparece, preferencialmente, em locais sombrios e húmidos, como são os exemplos do Ribeiro Frio, Chão dos Louros, em alguns sítios da Ponta do Pargo, Porto da Cruz e em outros pontos da Ilha.

O AZEITE DE LOURO Produção azeite de louro

Desde muito cedo os loureiros começaram a despertar a curiosidade do povo que começou por utilizar os frutos para o fabrico do conhecido azeite-de-louro.

As bagas maduras, recolhidas entre Setembro e Novembro, mediante autorização dos Serviços da Direcção Regional de Florestas, são cozidas durante algum tempo sendo posteriormente prensadas em lagares de madeira, semelhantes aos utilizados na vindima. 

O produto da prensagem é reencaminhado para um compartimento onde se procede à separação do óleo, pois como é menos denso do que a água, sobrenada, sendo facilmente retirado. Dados recolhidos junto dos produtores indicam que por cada 250 Kg de bagas são obtidos à volta de 10 litros de azeite-de-louro.

Como curiosidade, refira-se que em média cada litro deste azeite é vendido a 150 euros. A comercialização é também feita, pelas farmácias, em cápsulas de gelatina para minimizar o sabor forte e desagradável.

PRODUÇÃO AZEITE DE BAGA

No passado, o processo de produção do azeite-de-louro decorria a frio, sendo as bagas submetidas apenas à prensagem. Um procedimento que deixou de ser utilizado pois os rendimentos eram muito inferiores, embora a qualidade do azeite, assim obtido, fosse, provavelmente, superior.

Na medicina popular, o azeite-de-louro é conhecido como um "remédio milagroso" para quase todos os males. Apresenta um leque variado de frentes de aplicação internas e externas, nomeadamente contra o reumatismo, como depurativo e cicatrizante, contra males do fígado ou problemas de circulação sanguínea, de garganta, de estômago ou em casos de gangrena ou tétano. É utilizado também por massagistas em aplicações externas. A dose diária recomendada é 1 cápsula ou meia colher de café, de preferência ingerida em jejum.

No entanto, o "tratamento", diz o povo, não deve exceder os nove dias consecutivos. Quando administrado em excesso apresenta efeitos secundários bastante acentuados, conduzindo a situações de diarreia prolongada ou náuseas. Há mesmo quem tivesse de recorrer a tratamento hospitalar.

AS BAGAS DO LOUREIRO Bagas de Louro

As bagas do loureiro são também um dos alimentos preferidos do pombo trocaz (Columba trocaz): uma ave que vive principalmente nos vales do interior da ilha, sendo fácil de reconhecer pelo círculo prateado que apresenta no pescoço.

Embora ainda não provado cientificamente, há quem considere que o pombo trocaz dispersa as sementes dos frutos do loureiro desempenhando o papel de semeador: uma função relevante na expansão da Laurissilva.

FOLHAS E CAULES DO LOUREIRO

Além das bagas, as folhas e os caules do Laurus azorica têm aplicações no quotidiano dos madeirenses. As folhas do louro são utilizadas em infusão, como anticatarro e ainda como sudorífico.

Quando secas, as folhas são usadas, em doses moderadas, para fazer chá, pois de acordo com a medicina caseira alivia as dores de cabeça.

Contudo, a grande aplicação acontece, sobretudo, na cozinha madeirense como aromatizante. Em todos os casos, há o cuidado de retirar as nervuras da folha de louro, pois a maior parte dos utilizadores suspeita da existência de propriedades cancerígenas. Os ramos do loureiro, ainda verdes, são igualmente utilizados na culinária madeirense, servido de "espeto" nas tradicionais espetadas de carne da Ilha da Madeira.

TRADIÇÃO E CIÊNCIA

Embora haja neste uso caseiro muita superstição é indesmentível a eficácia em certas doenças pelo que se justifica a realização de estudos específicos que levem a conhecer o fundamento científico da tradição. Alguns investigadores têm vindo a estudar mais pormenorizadamente esta planta especialmente ao nível da composição química e actividade biológica de alguns componentes.

O objetivo é descobrir os princípios activos presentes em cada uma das partes morfológicas do Laurus azorica, isto é, identificar os compostos ou grupos deles que podem provocar reacções nos organismos humanos.

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