Uma tarefa que passa de geração em geração.
A apanha
A apanha é um dos pontos altos que junta nos terrenos familiares e amigos para uma tarefa que exige alguma paciência mas também muitas cautelas. Tudo começa em finais de Outubro com o “varejar” dos castanheiros. Não é mais do que abanar os ramos das árvores para que os ouriços sejam lançados para a terra. No caso dos castanheiros mais antigos e altos é necessário subir ao castanheiro e com a ajuda de uma vara provocar o desprendimento dos ouriços.
A tarefa obriga a segurança reforçada: primeiro porque alguns castanheiros podem ultrapassar os 10 metros de altura e depois porque o ouriço pode provocar ligeiros ferimentos quando atinge directamente o homem. Segue-se a tarefa árdua de retirar as castanhas do interior dos ouriços. Pode parecer complicado mas na verdade a experiência dos agricultores torna o trabalho mais ágil. A textura agressiva dos ouriços parece não prejudicar e aos poucos as castanhas vão sendo colocadas em “sacas” para posterior comercialização.
A festa
A tradição repete-se anualmente a 1 de Novembro. Desde 1987 a castanha é rainha no Curral das Freiras. No centro da freguesia são montadas pequenas barracas para venda do produto fresco bem como os seus derivados.
A castanha é utilizada na confecção de sopa, doces, bolos, licores, na guarnição de pratos e, em alguns casos, serve também de alimento para os animais. Mais conhecida é a castanha assada em potes de barro e vendida à dúzia em vários locais da Ilha.
Em alguns pontos da ilha realizam-se os chamados “Magustos” que não são mais do que convívios com familiares e amigos que à volta do braseiro apreciam as castanhas assadas. Uma diversidade de opções apreciada por centenas de residentes e turistas que enchem as ruas do Curral das Freiras no primeiro dia de Novembro. Saboreiam as variedades gastronómicas ao som de música regional a cargo de bandas e de grupos de folclore convidados para o evento.
A época das castanhas coincide também com as festividades de São Martinho, celebrado a 11 de Novembro. Por isso é comum ouvir-se na boca do povo a expressão: “Pelo São Martinho, nozes, castanhas e vinho.”