"Adeus varanda do cais
Onde o meu bem embarcou
Foram os olhos mais lindos
Que as ondas do mar levou."
O texto é da tradição popular madeirense. Reflete o fenómeno migratório na Região Autónoma.
O Cais do Funchal foi, em outros tempos, local improvisado de chegadas e partidas. Os barcos iam para bem longe, em viagens terríveis e quase intermináveis com destino às Antilhas, Brasil, Estados Unidos, Venezuela, África do Sul, Austrália e mais tarde Europa.
Uma viagem em busca do sonho de encontrar uma vida melhor. As facilidades de emprego noutros países incentivavam a passar dias, semanas ou até meses até chegar ao destino.
Em terra, os lenços brancos a acenar e as lágrimas de quem fica na Ilha por vontade própria.
Os que partiam na aventura deixavam a promessa de um dia regressar com alguma fortuna.
"Virão um dia, ricos ou não
Contando histórias de lá longe
Onde o suor se fez em pão,
Virão um dia, ricos ou não,
Virão um dia, ou não"
(Manuel Freire, "Eles")
Não existe um género musical popular específico sobre a emigração.
No entanto, aparecem referências à emigração nas quadras improvisadas dos despiques.
Recordamos a história de Manuel Costa que cedo partiu para a África do Sul a bordo de um navio deixando para trás família e amigos.