Na Madeira existiam vários trajes femininos e apenas dois masculinos, espalhados pelas diversas freguesias:
Traje feminino: predomínio da cor vermelha.
Na Ponta do Sol, por exemplo, as mulheres usavam capas: as casadas e as solteiras usavam-nas de cor vermelha; as viúvas punham capas azuis. No Funchal, Machico e Santa Cruz, existia um tipo definido de vestuário: a saia era de lã, de cor ou listada; um colete e um corpete vermelhos e uma carapuça azul completava esta indumentária. A última evolução que se conhece das saias leva-nos àquelas que foram adoptadas nos Canhas (concelho da Ponta do Sol ), onde os trajes se assemelham mais aos de antigamente.
Traje masculino: o traje masculino não sofreu muitas alterações. Usavam calção branco com franzido sobre o joelho (com elástico ou com cós); a camisa tinha pregas, sendo o seu número muito variável, e podiam ser bordadas ou não. Nos últimos tempos era usada uma faixa do mesmo linho do calção, com as pontas franjadas e chegando à curva da perna. No entanto, este adorno era usado apenas pelos servidores de casas ricas. Tanto homens como mulheres usavam botas, chamadas botachas ou bota-chã e eram feitas de pele de vaca curtida. A parte superior da bota era virada para fora e descia até ao tornozelo, sendo enfeitada com uma fita vermelha.
Na Madeira, os bailados obedecem a ritmos suaves, executados com certa lentidão, devido ao clima e às condições físicas do ambiente. A ilha da Madeira possui as suas danças próprias, que exteriorizam bem o temperamento popular. As trovas e danças madeirenses variam em cada freguesia, mas todas têm a mesma origem e são semelhantes entre si: há freguesias onde se dança apenas ao som da música e há outras em que se dança e canta ao mesmo tempo.
Nas romarias, dança-se e canta-se trovas muito típicas, acompanhadas com instrumentos regionais: o machete, o rajão, os ferrinhos, os vulgares braguinhas, pandeiros, gaitas de foles e viola de arame (primeiro instrumento a ser inventado pelos madeirenses).
DANÇAS TÍPICAS
Chama-rita esta é uma das danças mais conhecidas, própria da Madeira e dos Açores, mas também é dançada nas festas de Nossa Senhora da Penha, no Rio de Janeiro, com o nome de "reinal de chamarrita". Enquanto nos Açores e no Brasil se dança aos pares, na Madeira a "chama-rita" é dançada individualmente, estando os elementos da dança dispostos em filas e andando uns atrás dos outros em passo lento. Charamba - serviu de base a muitas das chamadas cantigas madeirenses do trigo, da erva e da carga.
Existem três espécies de charamba:
- clássico: é a mais antiga e não tem muito ritmo;
- "dos velhos": tem um andamento lento e é preferido pelas pessoas mais idosas;
- "charamba pelo meio" – tem um andamento mais vivo e é o preferido dos mais jovens.
Como exemplificação, deixamos aqui alguns versos de charamba:
"O charamba foi às lapas
E a mulher aos caranguejos;
As filhas ficam em casa Dando abraços e beijos"
Mourisca: quer por via direta de Marrocos (através dos escravos levados para a ilha), quer por via indireta do continente, a Madeira teve a sua Mourisca. Nas noites de Machico e Funchal, era permitida uma certa "liberdade" aos escravos e assim, os seus cantares passaram para as donas e senhores, generalizando-se assim a Mourisca.
Bailinho das Camacheiras: este bailinho é obrigatório nas festas e romarias de Verão. Neste tipo de baile, há ritmos alegres e rodopio, o que já o levou a ser considerado como proveniente da colonização algarvia na Madeira. O grupo folclórico da Camacha é um ex-líbris turístico e representa a Madeira em vários países.
Exemplo de alguns versos:
"As meninas da Camacha
Quando não têm que comer,
Vão à serra apanhar lenha,
P’rá cidade vir vender.
As meninas da Camacha
Não comem senão feijão,
Para ajuntarem dinheiro
Para saias de balão."