O Natal é a tradição mais enraizada na cultura madeirense. O povo dedica o mês de dezembro à “festa”. Os preparativos iniciam-se logo no começo do mês e terminam em janeiro com o “Cantar dos Reis” ou, em alguns casos, com o “Varrer dos Armários”. Durante este período as ruas ficam iluminadas e o comércio ganha uma nova vida, com as montras engalanadas para receber os residentes e turistas para as “compras de Natal”.
A Lapinha
A “escadinha” e a “rochinha” são os tipos de presépio (também conhecidos por Lapinhas) mais comuns na Madeira.
Na “escadinha” o Menino Jesus aparece no cimo das escadas, numa espécie de altar. Nos patamares inferiores encontram-se a verdura e alguns frutos e as “searas” de trigo que ajudam a ornamentar a “lapinha” juntamente com o “alegra-campo” (ramos de arbusto), azevinho e “cabrinhas” (fetos).
A “rochinha” é inspirada nas montanhas da Madeira. O Nascimento é representado por uma gruta. No “centro da devoção” são colocadas as figuras centrais do presépio: o Menino (descansa na Manjedoura) ladeado por José e Maria.
À volta existem lombos, vales, quedas de água e outros efeitos criados com papel pintado de cor escura para imitar a rocha madeirense. A construção deste tipo de presépio pode também implicar o uso de madeiras, tecidos, troncos de árvore e outros materiais, consoante a imaginação de cada um. Pelos caminhos ingremes chegam os pastores e os três Reis Magos.
A restante ornamentação é deixada à criatividade de cada família.
No mês de dezembro é comum ouvir-se a expressão: “Vamos visitar a Lapinha” e são muitos os presépios montados um pouco por toda a Ilha. Alguns, promovidos pelas Paróquias ou outras instituições, estão abertos ao público e recebem neste período centenas de visitantes.
O Espírito da Festa
São vários os motivos e eventos que abrilhantam o Natal Madeirense.
Do ponto de vista religioso destaque para as seculares “Missas do Parto” realizadas, regra geral, de madrugada nas diferentes paróquias da Madeira e Porto Santo. Começam a 15 ou 16 de dezembro e simbolizam os nove meses de gravidez da Virgem Maria.
Na véspera de Natal acontece a Missa do Galo. Assinala o nascimento do Menino Jesus. Em algumas localidades os fiéis chegam à Igreja em “romaria”.
Do ponto de vista profano a noite do Mercado é o ponto marcante da “Festa Madeirense”. Um acontecimento que se repete no Funchal, São Vicente e Estreito de Câmara de Lobos.
No entanto, a maior festividade surge nos arredores do Mercado dos Lavradores, no Funchal a 23 de dezembro. Dezenas de barracas para venda de brinquedos, fruta, legumes e comes-e-bebes são montadas no recinto.
A noite do Mercado ganhou dimensão de arraial com milhares de visitantes.
A tudo isto junta-se a animação nas ruas da baixa do Funchal e os parques de diversões que apresentam as atrações mais recentes.
O ano novo e o fim da festa
O espetáculo de fogo-de-artifício dá as boas vindas ao ano novo. É o maior cartaz turístico da Região Autónoma da Madeira. Na Pontinha e ao largo juntam-se vários navios de cruzeiro. Pelas ruas, na baixa e nas zonas altas, juntam-se milhares de pessoas que de máquinas de filmar e de fotografar em punho registam o momento para memória futura.
Já no ano novo, os madeirenses preparam-se para se despedir da “festa”.
De 5 para 6 de Janeiro é tempo de Cantar os Reis também conhecido pelo “Cantar das Janeiras”. Os forasteiros passam de porta em porta. Aproveitam para ver a lapinha e ainda saboreiam o que restou da festa.
Ainda assim, em alguns lares madeirenses a lapinha e o pinheiro são desmontados a 15 de Janeiro. É o dia de Santo Amaro, também conhecido, pelo povo, como o dia de “varrer os armários”.